Os Novos Conceitos de Exclusividade e Luxo na Moda Masculina

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Iron Heart Denim

Há algum tempo ter um jeans premium era o desejo de qualquer um, o marketing em cima da peça, que vendia a ideia de exclusividade e design diferenciado, tornou um simples denim na roupa que estava no topo da lista de qualquer pessoa entre 13 e 50 anos.

Como qualquer item que entra no hype da moda, os jeans premium de marcas como a Diesel, Citizens Of Humanity, Seven For All Mankind, Energie, entre outras, custavam pequenas fortunas. Hoje, pouco se ouve falar de muitas das grifes que eram consideradas o Olimpo do jeanswear há uma década.

As coisas mudaram tanto que até o mítico denim italiano atualmente divide a atenção com o mesmo tecido feito no Japão, há até quem considere o selvedge jeans nipônico, como o da foto no topo, incomparável.Isso aconteceu devido a uma alteração na mentalidade do consumidor e não por causa de uma simples tendência criada por alguma grife célebre.

Nos últimos anos pequenas marcas surgiram para fazer calças em pouca quantidade, oferecendo um produto quase artesanal. De repente detalhes exuberantes e etiquetas com cifras exorbitantes deixaram de ser o foco, passando este a ser os cortes clássicos em tecido feito com esmero e para poucos, garantindo uma peça atemporal, durável e rara.

A nova exclusividade

O exemplo do jeans se repete em outras peças, não que a moda mainstream tenha desaparecido, Prada, Gucci, Zegna e Ferragamo ainda estão por aí enchendo os olhos de muita gente, mas agora elas tem que aprender a conviver com grifes que entregam um produto parecido com o seu, cobram menos e oferecem muito mais exclusividade com muito menos propaganda em cima disso.

O próprio conceito de exclusividade mudou. Antes as pessoas ligavam esse conceito a itens caros, ou seja, é exclusivo porque poucos podem pagar por eles, hoje muita gente está trocando esse luxo por outro: o do produto artesanal, feito em pequenas quantidades e acessível apenas por aqueles que o conhecem e prezam algo bem feito.

Grand Frank

Vamos pegar como exemplo a Grand Frank, uma pequena grife de Estocolmo, Suécia. Em um post de 2017 eu falei a respeito de como eles usaram o Kickstarter para fazer acontecer o projeto de lançar uma jaqueta da camurça linda (foto acima), com matéria-prima e mão de obra especializada italiana, por apenas 270 dólares, uma fração do valor de uma peça semelhante cuja etiqueta tenha um logo conhecido, que, muitas vezes, pode ser feita na China.

Relógio Era Timepieces

Outro exemplo que mostra perfeitamente como é possível ter algo exclusivo sem gastar um rim nisso é o projeto do relógio com mecanismo turbilhão da Era Timepieces, o Era Prometheus, essa peça da foto acima, que também já foi comentado aqui.

Cortando gastos com desenvolvimento, marketing, distribuição, vendendo diretamente, trabalhando com staff reduzido e almejando um lucro suficiente para manter todo mundo com um sorriso no rosto (inclusive os compradores) a empresa foi capaz de vender seu relógio por 999 dólares, enquanto dificilmente você vai encontrar um tourbillion por menos de 30 mil trumps.

Claro que o produto final não tem o grau de refinamento de um Jaeger LeCoultre, mas ainda assim é um relógio muito acima da média.

No Brasil

Jaqueta tipo chore coat da Cabra Store

Para ficar dentro dos limites das terras tupiniquins, podemos citar a Cabra, uma oficina localizada no bairro de Pinheiros, São Paulo. Seu criador, Daniel Mangualde, cursou alfaiataria e se dedicou a criar peças inspiradas em workwear usando máquinas de costura tradicionais, mão de obra artesanal, e materiais de alta qualidade.

O chore coat da foto acima custa 410 reais, é feito com sarja (98% algodão + 2% elastano), conta com costuras duplas e gola com entretela de alfaiataria, entre outras características que fazem dele uma peça estilosa, confortável e resistente. Um casaco deste tipo, com a mesma qualidade, não sai por menos 1.000 reais se tiver a assinatura de uma grife nacional badalada.

A Cabra também se propõe a criar roupas personalizadas, é só entrar em contato e conversar a respeito do seu projeto. Este é um bom exemplo da exclusividade nos dias atuais.

Alfaiates em alta

Alfaiataria bespoke de Alexandre Won

Falando em roupa feita sob medida, também temos o ressurgimento dos alfaiates. Não que eles estivesse extintos, mas até pouco mais de 15 anos eram raros os profissionais que se dedicavam a criar costumes usando técnicas de alfaiataria bespoke como faz Alexandre Won (foto acima), entre outros.

Isso só mostra que o homem atual está mais interessado em algo feito do seu jeito, com qualidade e por alguém altamente especializado, o nome famoso na etiqueta se tornou algo secundário.

Como expliquei neste post, até os monogramas nas camisas sociais feitas sob medida estão se tornando mais valorizados do que os logos, tornou-se um luxo mostrar a sofisticação de uma camisa feita sob medida, além de deixar claro o quanto você se importa com a qualidade de suas roupas.

Resumindo

Aos poucos o homem está entendendo que é mais importante saber a origem e a qualidade dos produtos que compõem o guarda-roupas masculino do que investir cegamente em grifes, afinal nem sempre o produto oferecido por elas tem seu perfil ou cabe no bolso.

O atendimento personalizado também é um fator que pesa na hora de decidir o que comprar. Ter a possibilidade de escolher certos detalhes da roupa e ajustar o que for necessário é a melhor maneira de garantir um visual impecável.

Ainda vão existir aqueles que preferem as grifes tradicionais e as grandes redes de moda, mas um significativo novo mercado surgiu nos na última década e deve crescer cada vez mais.

Podemos dizer então que o luxo e a exclusividade vão, paulatinamente, se fundir em um produto feito sob medida ou em pequenas quantidades e com a possibilidade de customização e ajuste cirúrgico.

5 COMENTÁRIOS

  1. Na minha concepção isso é matéria paga, nunca uma marca acessível vai ficar acima das popular grifes internacionais, como : Zegna, Etro, Prada, Hugo boss, Alexander McQueen, que são altamente aceitos nos grandes circuitos sociais.

    • Só para constar, todos os publieditoriais do Canal Masculino são assinalados como tal e este não é o caso.

      Muitas grifes de renome hoje começaram pequenas e exclusivas, como muitas destas que eu citei no post, e em nenhum momento disse que elas ficariam acima das que já são renomadas.

      “São altamente aceitos nos grandes circuitos sociais” – quer dizer que se eu aparecer com um terno do Alexandre Won nos grandes circuitos sociais (seja lá o que isso quer dizer) as pessoas vão me olhar atravessado?

  2. Ótima matéria, já faz um tempo que venho percebendo que o mercado de moda no geral tem recebido cada vez mais marcas “pequenas”, mas que fazem um ótimo trabalho cobrando um preço justo e ás vezes até melhor do que os das grandes marcas, como fala na matéria.

    Não sei se já foi feito, mas seria legal de tempos em tempos fazer alguma matéria sobre essas marcas nacionais que não são tão conhecidas, seria legal no formato de entrevista, falando sobre a história da marca, público alvo e etc, isso seria bom pra marca pela divulgação e bom para nós leitores que vamos ter mais uma fonte de informação.

    Obrigado e continue com o ótimo trabalho!

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