Simpatizo muito com Rony Meisler, pois o diretor criativo de Reserva é um sujeito simpático, amigável e atencioso, que recebe as pessoas em seu backstage da melhor maneira possível, além disso se esmera em apresentar cada nova coleção de uma maneira original, o que sempre gera expectativa. O problema começa quando esse mise-en-scene se torna mais importante que as criações, a ponto de influenciar sua qualidade ou mesmo a forma como a platéia as vê, prestando mais atenção no parte teatral, quando o que interessa realmente neste caso é o “figurino”.
Como a idéia desta coleção de verão 2013 era basear-se em perfis e não em tendências, a Reserva se entregou a estereótipos, deixando de lado a coesão entre as peças que mais parecem vindas de um catálogo de loja de departamentos. Estão lá todos os personagens que permeiam o imaginário, mas que na realidade não existem: o roqueiro estilizado, o mauricinho de pulôver e o nerd de shortinho, gravata borboleta e óculos de aro grosso, como se alguém com este perfil se vestisse assim na realidade.
Mesmo assim, entre um escorregão e outro, é possível ver alguma peça interessante como um blazer, jaqueta ou cardigã dentro da combinação de materiais onde se pode destacar jeans, linho, tricô, moletinho e algodão. Também chamaram atenção os calçados, talvez a parte mais inspirada do styling de Daniel Ueda, mas não vai muito além disso e no final das contas fica a impressão de que a Reserva atirou para todos os lados e não acertou em nada.