Hoje o padrão listrado é muito comum na moda masculina, mas seu sucesso com os homens não é novidade, sua história começa no início do século XIX, na marinha francesa (claro!) e passa por altos e baixos para chegar até o êxito atual.
A História da Clássica Blusa Breton
A primeira leva dessas malhas foi criada na Bretanha com uma trama bem unida de lã para proteger os marinheiros do vento frio, da chuva e dos respingos do mar. A peça deu resultado e passou a figurar na indumentária naval como uma segunda pele sob o uniforme, em 1858 um decreto da Marinha Francesa tornaria camisas e camisetas desse tipo parte do uniforme de maneira oficial.
É interessante notar que a breton, assim chamada por causa de seu local de origem, tinha um número específico de listras quando produzida pela tradicional grife Saint James: eram 21 listras brancas de 20 mm de largura e vinte e uma faixas azuis de 10 mm de largura no dorso, 15 listras brancas e 14 ou 15 listras azuis na manga (a lenda afirma que o número de listras deveria representar cada uma das vitórias de Napoleão sobre os britânicos). Outra característica marcante desse tipo de roupa é a gola canoa, ligeiramente mais aberta que a gola careca das camisetas comuns e que facilitava ao marujo vestir ou desvestir a malha com rapidez.
Hoje a peça pode ser encontrada com diversas adaptações como mangas curtas e gola careca, mas ainda é chamada de breton de uma maneira mais genérica.
Saint James e a Breton
A Saint James, aliás, merece um artigo a parte, pois desde 1850 ela está sediada na cidade homônima e continua produzindo roupas com inspiração náutica até hoje. O fato da breton ter sido usada pelos marinheiros contribuiu muito para seu sucesso, mas as peças icônicas da Saint James também tem grande responsabilidade nisso.
Dos Navios Para as Ruas
Os jovens marinheiros que lutaram na primeira guerra mundial trouxeram para o cotidiano o costume de usar a blusa breton. Quando chegaram os loucos anos 20, que mais tarde culminaram na grande depressão, mas também trouxeram o jazz e um movimento literário riquíssimo do qual fizeram parte Hernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald, a breton já havia se tornado comum.
O pontapé final para jogar a peça na moda da época foi dado quando Coco Chanel surgiu vestindo uma blusa breton em uma foto que correu o mundo e ainda hoje é muito conhecida.
A Malha Breton na Década de 60 e 70
No início década de 60 os rebeldes da geração beatnik adotaram o item quase como um uniforme e não demorou muito para que atores como James Dean e Robert Redford fossem vistos e fotografados usando uma malha breton. Mais tarde, nos anos 70, os punks do Ramones mostraram que as listras horizontais ainda não tinham perdido seu fôlego.
Perdendo Terreno nos anos 80 e 90
Os anos 80 e 90 foram marcados por camisetas com desenhos grandes e chamativos, padrões como as listras náuticas foram empurrados para nichos, como a roupa usada por pessoas abastadas para velejar, tornando o visual antes rebelde e estiloso em algo pejorativo.
A Malha Breton na Moda Masculina Atual
Por sorte os anos 2.000 resolveram resgatar muito do que foi sucesso nos anos 50 e 60, xadrez e listrados estavam de novo no guarda-roupas do homem agora mais aberto a combinações ousadas e experimentações, ao mesmo tempo que uma admiração pelo visual retrô fez com que o público masculino olhasse para s peças clássicas com carinho e reverência.
Nos últimos anos assistimos uma verdadeira febre das roupas listradas – algo que já foi comentado no Canal Masculino anteriormente – e é interessante notar que tudo isso surgiu com uma malha de lã para proteger marinheiros franceses há mais dois séculos!
