O Pior da Moda Masculina no SPFW Verão 2013

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Mesmo ciente da falta de talento dos estilistas brasileiros, salvo raras exceções, fiquei espantado com o show de horror que foi a moda masculina neste São Paulo Fashion Week – Verão 2013. O novo e apertado calendário da semana de moda, que adianta a edição de inverno 2013 para outubro deste ano, pode até ser uma desculpa para este deprimente espetáculo de bizarrice, mas não me convence, basta uma olhada nas coleções de grifes européias e americanas para notar que as criações das estrelas do mundo fashion brasileiro não passam de devaneios e exercícios de estilo.

Mais preocupados em agradar a imprensa de moda, acostumada com espetáculos carnavalescos vazios e a enaltecer os dons pseudo-artísticos dos criadores nacionais, tudo que foi desfilado soou kitsch, desnecessário e afetado, nada que gere interesse em um homem minimamente esclarecido sobre moda, mesmo levando em consideração as coleções conceituais, que neste caso não passaram de um belo álibi para a celebração do mau gosto.

Abaixo o motivo de meu desprezo pela atual temporada de moda:

Cavalera


Muitos problemas: a péssima coleção não se decide se é verão ou inverno e vários looks desfilados tem jaquetas e peças mais pesadas, uma delas é a bota que estão tentando emplacar como peça desejo, já que é a única explicação para sua presença constante, mas nem sempre conveniente. A maquiagem nos olhos não faz sentido e o resultado é tosco, afinal, se não acrescenta, está atrapalhando, assim como a blusa do rapaz a direita que é de chorar de tão brega e ainda tem este grotesco macacão da foto a direita, uma imagem que vai aterrorizar os meus pesadelos por décadas. Para fechar com “chave de ouro” o desfile contou com a patética iniciativa dos estilistas participantes desta SPFW pedindo ajuda a nossa presidente para vencer a crise que, até semana passada, eles juravam não existir. Essa é uma coisa que nossa indústria faz como ninguém, negar crises e choramingar por ajuda do governo quando a concorrência aperta.

Amapô

O terno-roupão-fralda dispensa comentários, o look da direita mistura tudo de pior dos anos 80 e 90 e que você pede a Deus para não ver de novo, as estampas lembram alguém que perdeu uma partida de paintball. Tragicômico.

Colcci


As peças como macacões, jardineiras e afins tem um destino certo: prestadores de serviço, como frentistas de postos de gasolina e funcionários da companhia telefônica, nenhum homem com o mínimo de auto-estima sai na rua usando algo assim. Já o combo casaco + shorts em material sintético parece vindo do guarda-roupa de algum vilão de quadrinhos de quinta categoria. Eu viveria melhor se nunca tivesse visto isso.

Osklen


Há quem ache Oskar Metsavaht um gênio, eu o considero bom no marketing pessoal, nunca sai de sua boca narcisista uma única frase que não seja enaltecimento a sua própria pessoa, porém nem por isso fico impressionado com sua grife que, além de tudo, é cara sem nenhuma justificativa. Suas criações repetitivas e a ladainha da “bossa carioca” esgotaram minha paciência há tempos, 99% dos brasileiros não caminham na orla do mar ao entardecer vestidos de homem coqueiro, nem se vestem de astronauta surfista, mas o importante para a imprensa de moda é que ele entrega o que eles querem, ou seja, uma coleção estranha o bastante para render longas discussões sobre materiais, formas, modelagens e técnicas que não chegam a lugar nenhum, mas enchem linguiça.

Ellus


Por que todo estilista tem o péssimo hábito de achar que misturando trajes formais com informais está reinventando a moda e quebrando paradigmas? Todo mundo faz isso o tempo todo como se dissesse: “é blazer, mas levinho, para usar no verão!”. Outro problema são as estampas, sempre exageradas e extravagantes, mas como já disse antes, não precisa ser bonito, tem que chamar atenção. Esses dois looks da Ellus refletem bem uma coleção pouco inspirada que não desperta desejo nenhum.

João Pimenta


Até tu Brutus? João Pimenta é o único que não merecia estar nesta lista, mas seu desfile de verão teve bons e maus momentos e os maus foram de doer. Os dois looks acima não parecem vindos do homem que já nos deu alguns desfiles memoráveis! Em compensação, no geral, o estilista faz um espetáculo que agrada gregos e troianos, apresenta peças de alfaiataria bonitas, criativas e bem cortadas, providenciando alguns toques teatrais que fazem a alegria dos fashionistas e críticos de moda.

E assim passamos por duas semanas de moda, o Fashion Rio e a SPFW, sem nenhuma informação a respeito deste universo que faça a mínima diferença em nossas vidas, mesmo assim os estilistas vão reclamar das redes de fast fashion para nossa presidente, dizer que não conseguem incentivo, que não tem infraestrutura de qualidade, mas antes de tudo deveriam aprender a satisfazer o público, melhorar os preços e fazer roupas com mais qualidade, em vez de desperdiçar seu tempo bancando artistas conceituais, agradando a mídia com adereços teatrais e vazios.

10 COMENTÁRIOS

  1. Rapaz, o pior é que eu concordo com tudo. Ainda não tive tempo de assistir aos desfiles, mas, pelo que vi acima, os looks estão ainda piores do que os do último verão.

  2. Ricardo, desculpa se vou ofender alguém.
    Mas esse é o melhor blog da moda masculina do Brasil, sem dúvidas, gostei de ver/ler.
    Concordo em gênero, número e grau com tudo que disse. Parece que os estilistas brasileiros estão preocupados muito mais com e como vai repercutir seu desfile, qual vai ser o impacto causado na FW do que com o que realmente vai agradar aos homens em si, que deveria ser o propósito né, agradar aos homens e não apenas aos fashionistas capazes de colocar um tapete como saia (como houve até).
    Até mais. =)

    • Eduardo,
      fique tranquilo que aqui ninguém ficou ofendido. ; P

      Essa história do tapete foi triste. Ah, e também teve enfeite de árvore de Natal na cabeça. Os fashionistas brasileiros tem que parar de ser afetados e deslumbrados para prestar mais atenção no que está sendo produzido que é o que interessa!

      Muito obrigado pelo elogio.

      Abs.

  3. UAL , Ricardo ! Até que enfim vejo um blog que fala e mostra moda masculina sem AFETAÇÃO! Sou consultora de imagem e estilo de um canal de TV, ralei muuuuuuito pra aprender o que sei e acho que nunca sabemos tudo, por isso estou sempre estudando. E o que mais se vê hoje em dia são blogs que concordam com tudo que as ditas ´´grandes griffes´´ou ´´grandes eventos“ mostram. Tenho um blog também, e me recuso a escrever pra puxar saco de alguém, só pra ser convidada pra evento ou ganhar presentinhos.Escrevo o que realmente penso, sobre estilo e moda REAL para gente REAL!
    Parabéns , excelente texto e informação que faz pensar !
    Se te interessar , dê uma olhada no meu blog: http://seolhanoespelho.blogspot.com.br
    abçs, Janaína Megda.

    • Oi Janaína,
      muito obrigado! Ficamos felizes em saber que estamos atingindo nosso objetivo que exatamente esse que você citou: falar sobre moda masculina sem afetação e com opinião própria.

      Visitei seu blog e já indiquei para a Barbara que é quem faz comigo o Bazar Pop e o Canal Masculino.

      Abraços.

  4. RICARDO,PRIMEIRAMENTE, MUITO PRAZER,SOU ESTILISTA DE CARNAVAL,MAS ADORO MODA….REALMENTE FICAMOS SEM OPÇÃO NO BRASIL…CREDO!!!! VOCÊ ESTÁ CERTÍSSIMO,É QUASE SEMPRE HORRIVEL!!!!

  5. Fico contente com sua afirmação Ricardo T. Junior: Os fashionistas brasileiros tem que parar de ser afetados e deslumbrados para prestar mais atenção no que está sendo produzido que é o que interessa!
    Trabalho em loja de Moda Masculina, e esse tem sido o blog mais informativo e isento que encontrei; não vejo as horas se passarem ao ler/ver as matérias.
    A “onda do lindoooo” já passou, que bom.
    Continue antenado por nós, cara!
    Abraços

  6. Adorei o blog e principalmente essa postagem. Eu sempre achei estranho o lance da moda brasileira e por mais que eu visse a moda internacional nos apresentando talvez uma coisa mais tradicional eu via que tinha uma história e informação. Grato pelo esclarecimento e agora concluí minha concepção. Adoro o site, principalmente a parte das gravatas e ternos, as gravatas mais ainda.

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